OS GATOS DEIXAM PEGADAS NO NOSSO CORAÇÃO |
Luludia, a rosa brava |
|
|
É solitária e independente, e as suas amizades são escolhidas com parcimónia apenas entre os cavalheiros que a protegem e não a incomodam. De aparência frágil como uma donzela, tem forte personalidade e ninguém pode obrigá-la a fazer o que não está nos seus projectos. Esperta, rápida como o relâmpago, matreira, despachada e brincalhona, é capaz de se esgueirar e subir por onde quer, seja qual for o obstáculo. |
|
Luludia fazia parte de uma colónia de errantes alimentados por nós. Um dia, chegou a vez dela de ser capturada para esterilização. De casinha de captura em punho, lá fomos, pensando que era a sua vez. Enganámo-nos! A "mãe", como lhe chamávamos por ter tido filhotes recentemente, não tinha a mesma opinião. Estávamos em princípios de Outubro e a Ludinha deixou-se finalmente apanhar... em fins de Novembro, na neve, às duas da manhã, após dois meses de caça sem descanso nem apelo. |
|
Chegada a casa para passar a noite, enquanto esperava a manhã para irmos à clínica, mostrou-se meiga e ternurenta. Tão meiga que lá ficou! O seu amigo Romi, que nas suas andanças nos tinha levado àquela colónia, gostou muito da ideia e fez-lhe companhia na fase de quarentena, bastante prolongada, pois as meninas de rua podem levar tempo a perceber que têm casa... |
|
.Agora, Ludinha é livre como um passarinho. Sai do ninho de manhã e volta à noite, se lhe apetecer.... | |
|
Quando vem dormir a casa, é de uma ternura imensa, dorme sobre a almofada encostada à cabeça do humano que penou frio e angústias para a capturar. Entra pela janela, nunca pela porta, e se por acaso o seu amigo Romi está por perto, beija-o, acaricia-o e namora com ele tal como antes. |
Luludia é como uma rosa brava, de tom azulado raro e precioso, que estremece suave e firmemente à brisa da madrugada. |