OS GATOS DEIXAM PEGADAS NO NOSSO CORAÇÃO |
Pitotinhas, o sonhador errante |
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Estávamos em Junho de 2003
no "nosso" país do frio, eram 18h00! Como era seu hábito, o Romi bateu à
porta do lado da rua. Abrimos e, escondido atrás dele, vimos uma bela criatura tigrada de
olhos verdes, ainda jovem, que se escondeu de imediato debaixo de um carro. Teria fome? Por via das dúvidas, foi-lhe apresentado um pratinho com comida, que devorou sem respirar, sob o olhar atento do amigo. |
Feitas as devidas buscas na
vizinhança, era nascido e criado na rua, a mãe e os irmãos tinham morrido atropelados,
um a um, na estrada próxima. Buscava comida aqui e ali, muitas vezes na neve,
abrigando-se nas cabanas de jardim. Todos os dias, às 18h00 em ponto, passou a vir comer à porta da rua, e pouco depois esperava-nos fielmente, conhecendo já o som do motor do carro. Era o Pitotinhas... |
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Porém, chegou o Inverno e começou a encontrar o caminho das traseiras, apesar da resistência não muito pacífica do "dono da casa", Jimmy, o chefe da matilha! Um abrigo no jardim, mantinha quente, e o Pitotinhas parecia um rei no seu palácio!!! A pouco e pouco, foi entrando nos "domínios sagrados", entra um gato para poder sair o outro, um estranho bailado de portas e comportas, de redes e vedações... |
Não se lhe podia tocar!
Então, os humanos puseram a inteligência a trabalhar e construíram uma armadilha para o
apanhar e lhe tratar uma ferida. Foi adormecido, e pela primeira vez foi tocado e
acariciado... Foram feitos testes. Pitotinhas tinha FIV, a SIDA dos gatos! Passou a viver na cozinha nas tardes frias e, à noite, recolhia à cave aquecida, que muito depressa considerou o seu reino. A pouco e pouco começou a aceitar miminhos, a roçar-se pelas pernas, a pedir atenção e a realizar o seu sonho: ter um nome, uma família, não ter frio e não ser obrigado a mendigar comida. Passou a ser o Pinóquio... Um mentiroso, um falso solitário arisco, ávido de ternura. |
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Estranhamente, no nosso país do sol, na sua nova casa, não mais foram precisas vedações. Pitotinhas afinal só queria pertencer à matilha e viver como os outros, embora, bem... embora fosse ainda melhor se o dono só tivesse olhos e mãos para ele, mas pronto, os outros também cá estão, que remédio aceitá-los e o melhor é não armar confusões! |